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- Os 5 tipos de tomada de decisão na área da saúde: como aplicar?
Profissionais da área médica estão acostumados com a tomada de decisão. Desde o manejo de pacientes complexos até o cuidado emergencial, a habilidade de decidir sempre está presente na Medicina. O ato rotineiro de preencher uma receita ou indicar uma cirurgia envolve uma série de mecanismos psicológicos que resultam na determinação final.
Quando o médico atua como gestor, a pressão na tomada de decisão é ainda maior. Nesse cenário, as opções firmadas pelo profissional influenciam a vida de várias pessoas, e não de apenas um paciente.
Percebemos que, não importa a sua especialização, certamente a tomada de decisão faz parte do seu cotidiano. Por isso, reconhecer os tipos de tomada de decisão — e quando são aplicáveis — é fundamental para qualquer médico. A seguir, apresentaremos 5 dos principais tipos. Continue lendo para saber mais!
1. Decisão baseada no instinto
Instintos podem ser definidos como impulsos inatos que levam a ações inconscientes. Os reflexos neurológicos em neonatos são exemplos ricos de como eles já nascem conosco. Embora, com o tempo, tenhamos a impressão de que nossas decisões são puramente racionais, sabemos que não é bem assim. Mesmo adultos, ainda tomamos decisões baseadas no instinto.
Sendo um tipo de tomada de decisão, a baseada no instinto não é necessariamente boa ou ruim. Ela é inadequada, por exemplo, quando omitimos uma informação importante durante uma comunicação de más notícias. Embora a empatia com o paciente faça com que tentemos blindá-lo, não medimos naquele momento as consequências da ação.
Por outro lado, a decisão baseada no instinto é fundamental em áreas como as de cirurgia e de urgência e emergência. Esses são setores que demandam uma reação espontânea frente a um risco: sinais de choque ou grandes traumas devem acender imediatamente uma “luz vermelha” na mente do médico assistente. E o mecanismo responsável por essa rapidez na resposta é o instinto.
2. Decisão baseada na intuição
Certamente você já realizou diagnósticos sem delinear completamente os sinais e sintomas, exclusivamente pela ectoscopia. Você pode ter sentido uma leve sensação de familiaridade com a doença, que não soube explicar muito bem, ou ter o “feeling” de que estava certo. Nesses casos, dizemos que a tomada de decisão foi baseada na intuição.
Esses julgamentos não se encaixam nem nas tomadas de decisão conscientes, nem nas de puro instinto. São concepções pré-formadas, que muitas vezes parecem inexplicáveis, mas que estão presentes em vários momentos do cotidiano. Embora a Medicina nos leve a tentar categorizar todos os sintomas, muitas vezes ela não é capaz de objetivá-los suficientemente. Nesses casos, confiar na intuição é a melhor maneira de tomar uma decisão segura.
Quanto mais avançamos no conhecimento teórico, mais a intuição é confiável. É diferente, por exemplo, que um médico recém-formado e outro com anos de experiência tenham a mesma intuição. Esse tipo de tomada de decisão mescla tanto decisões conscientes prévias quanto instintos e conhecimentos subconscientes.
3. Decisão baseada em crenças subconscientes
Com o passar dos anos, acumulamos experiências e crenças em nosso subconsciente. Elas vêm desde a infância e geralmente estão relacionadas ao sistema límbico, ou seja, às nossas emoções. Por esse motivo, a decisão baseada em crenças subconscientes é a tomada de decisão mais subjetiva. Pensando nisso, diferentes médicos dificilmente concordariam caso uma das determinações considerasse esse tipo de decisão.
Exatamente por esse motivo, a decisão baseada em crenças subconscientes pode ser perigosa na prática médica. Prezamos continuamente por valores como confiabilidade e reprodutibilidade. Por isso, decisões emocionais — que geralmente precedem o pensamento e não dão espaço para reflexão — podem comprometer o cuidado ao paciente.
Por isso, é sempre importante ter atenção às emoções que são evocadas por consultas e decisões. Não importa se elas são negativas ou positivas — se são fortes demais, elas merecem atenção e resiliência por parte do médico. Nesse caso, vale destacar que as crenças subconscientes diferem da empatia, que é um processo consciente de compreensão das emoções alheias.
4. Decisão baseada em crenças conscientes
As crenças conscientes são as que permeiam com maior frequência o meio médico. Elas são baseadas em conhecimento teórico e estudo prévio, passando sempre pelo crivo do córtex pré-frontal. Essas decisões envolvem os processos que aprendemos desde o início da caminhada acadêmica.
Não devemos confundir a palavra “crença” com processos exclusivamente religiosos. Essas decisões estão atreladas à Medicina baseada em evidências e geralmente têm um embasamento científico sólido. Por exemplo, quando prescreve um antibiótico para uma infecção, você acredita que ele resolverá o problema do paciente. Ainda assim, a crença religiosa ainda é um capítulo à parte na Medicina, podendo participar ou não das crenças conscientes.
5. Decisão baseada em valores
Por fim, a tomada de decisão na área da saúde frequentemente está interligada a dilemas éticos e morais. Esse tipo de decisão é muito percebido na alocação de recursos escassos. Por exemplo, qualquer protocolo de transplantes levanta a questão de escassez de recursos e a necessidade de alocá-los para pacientes em maior necessidade. Essas decisões levantam questões como a mensuração do valor da vida humana, o que pertence ao campo da moral.
Você consegue perceber uma decisão baseada em valores quando opta por um caminho porque “parece certo” ou “é mais justo”. O próprio Código de Ética Médica garante ao profissional o direito de se recusar a realizar atos médicos que sejam “contrários aos ditames de sua consciência”.
Não precisamos ir a um centro de transplantes para observar o impacto da tomada de decisão baseada em valores. Mesmo em um consultório privado ou clínica, você já deve ter passado por dilemas éticos. Tópicos comuns que levam a eles são concessões de atestados, política de pagamentos e atendimento preferencial.
Devido ao impacto que a área médica tem sobre a saúde do paciente, as decisões tomadas sempre têm um peso considerável. Por isso, é importante que todo médico conheça os mecanismos de tomada de decisão e a sua aplicabilidade. De posse desse conhecimento, torna-se mais fácil adequá-los à prática médica e tomar decisões mais lúcidas e direcionadas. Em muitos casos, a educação continuada pode ajudar na construção de uma tomada de decisão mais sólida, por meio de cursos como O Processo de Tomada de Decisão ofertado na modalidade EAD.
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