O que é segurança do paciente?

Publicada 25/11/2020

A busca pela qualidade e excelência na assistência em saúde passa por diversos fatores, como a experiência do paciente, a busca por inovação, a capacitação das equipes de saúde e a segurança do paciente.

Conhecer estes temas a fundo é importante para oferecer serviços de saúde de alto nível sem aumentar os custos de maneira prejudicial à saúde financeira do hospital, clínica ou qualquer outro estabelecimento de saúde.

A segurança do paciente é uma das estratégias que podem e devem ser utilizadas para reduzir erros médicos e infecções hospitalares evitáveis, trazendo ganhos para o paciente e para o hospital, com a diminuição do tempo de internação, intercorrências médicas e até mesmo de processos judiciais.

Neste artigo iremos tratar sobre os principais conceitos da segurança do paciente e como ela pode ser uma aliada dos gestores hospitalares.

O que é segurança do paciente e qual a sua importância?

 

A segurança do paciente é um conjunto de medidas tomadas para diminuir ao máximo os índices de erros evitáveis.

Um dos primeiros passos para implementar a segurança do paciente é justamente admitir que erros podem acontecer e que é preciso mudar procedimentos, realizar checklists e tomar algumas atitudes simples que protegem o paciente de danos.

Em um estudo realizado em hospitais do Rio de Janeiro, foram analisados 27.350 prontuários de pacientes e observou-se que 3,5% dos pacientes que passaram por procedimentos cirúrgicos sofreram algum tipo de evento adverso, dos quais 68,3% eram evitáveis.

Diante de dados como este, fica clara a importância dos protocolos de segurança do paciente como forma de diminuir as chances de eventos adversos que colocam a saúde e a vida dos pacientes em risco.

Quais são os protocolos de segurança do paciente?

 

Cada instituição deve implantar os próprios protocolos de acordo com a sua área de atuação, no entanto, a Joint Commission International, organização responsável pela acreditação de hospitais nos Estados Unidos, criou 6 metas de segurança do paciente que são essenciais para qualquer estabelecimento de saúde.

 

As seis metas da segurança do paciente

 

1. Identificar os pacientes corretamente

Identificar os pacientes com pulseiras contendo, pelo menos, seu nome completo e data de nascimento, é o primeiro item de um bom protocolo de segurança do paciente.

O objetivo da identificação é evitar a medicação indevida ou até mesmo a realização de procedimentos médicos no paciente errado. Por mais que pareça algo improvável de acontecer, é importante e fácil reduzir estas possibilidades ao mínimo possível.

Identificar os pacientes também tira a necessidade de pedir a eles que repitam as mesmas informações diversas vezes. Além disso, no caso de pacientes com condições que o impedem de se expressar corretamente ou que afetam a sua memória, por exemplo, esta é uma garantia de que ele estará corretamente identificado.

Também é possível utilizar cores diferentes de acordo com o local de internação, nível de gravidade do quadro clínico, risco de queda, entre outras informações importantes.

2. Aprimorar a qualidade da comunicação

A comunicação é importante tanto para a relação entre médico e paciente, quanto entre os membros da equipe médica.

Uma comunicação efetiva deve ser clara, objetiva e completa. É preciso garantir que nenhum dos envolvidos – sejam eles membros da equipe, familiares do paciente ou o próprio paciente – fiquem com dúvidas ou interpretem informações importantes de maneira errônea.

Para isso, procure sempre um local mais tranquilo para conversar, ouça o que todos têm a dizer e adapte a sua linguagem de acordo com o ouvinte: usar jargões e termos muito técnicos com pacientes pode trazer mais confusão do que uma linguagem mais simples, por exemplo.

Por fim, certifique-se de que todos entenderam o que foi dito fazendo perguntas ou pedindo para que eles resumam as informações passadas.

3. Melhorar a segurança na prescrição, uso e administração de medicamentos

Qualquer medicamento deve ser tratado com cuidado e de acordo com os 9 certos da medicação:

1. Medicação certa

2. Paciente certo

3. Dose certa

4. Via certa

5. Horário certo

6. Registro certo

7. Ação certa

8. Forma farmacêutica certa

9. Monitoramento certo

Sempre identifique todos os medicamentos corretamente com seu nome, fórmula, concentração, quantidade, validade enquanto fechado e validade depois de aberto, além das datas em que foi usado caso já tenha sido aberto.

No caso de medicamentos de alto risco, ou seja, aqueles que podem trazer danos e sequelas graves, ou até mesmo levar ao óbito se administrados incorretamente, devem ter uma vigilância ainda maior.

4. Segurança em cirurgias

Antes de realizar qualquer procedimento cirúrgico, confira se o local está higienizado, equipado e preparado para receber o paciente; faça a anamnese, a avaliação pré-anestésica, exame físico, confira o documento de consentimento do paciente e a sua identificação.

É importante também se certificar de que a equipe cirúrgica está completa e que todos sabem em detalhes os procedimentos que serão realizados.

Após a cirurgia, analise os pontos mais importantes, se ocorreu algum problema durante o procedimento, se houve falha nos aparelhos e se certifique de que nenhuma gaze, bisturi ou qualquer outro item foi esquecido dentro do paciente. Contar as gazes antes da cirurgia é uma maneira eficaz de evitar este tipo de erro.

5. Redução dos riscos de infecções hospitalares e relacionadas ao atendimento hospitalar

Ao passar por longos períodos de internação e/ou diversos procedimentos médicos, o paciente fica exposto a infecções hospitalares que podem ser evitadas com uma atitude simples: a higienização correta das mãos pela equipe de saúde.

Sempre lave as mãos:

1. Antes de tocar no paciente;

2. Antes de realizar qualquer procedimento, como limpeza de ferimentos;

3. Depois de ter contato com fluídos corporais;

4. Depois de tocar no paciente;

5. Depois de tocar em roupas, móveis, aparelhos ou qualquer objeto próximo ao paciente.

Estes pequenos cuidados podem evitar infecções que aumentam o tempo de internação, alongam o período de recuperação e podem até pôr em risco a vida do paciente.

6. Redução do risco de quedas e danos relacionados

Este último item visa prevenir danos ligados a quedas durante a internação e o período de observação.

Adaptar os espaços com barras para apoio em paredes, móveis e camas é uma ação essencial para diminuir a ocorrência de quedas.

Identificar os pacientes de acordo com este risco e oferecer um acompanhamento mais próximo àqueles classificados como pacientes de alto risco também é uma ação importante neste sentido.

Qual a relação entre gestão e segurança do paciente?

 

Como pudemos observar, as seis metas são ligadas a mudanças de procedimentos e mudanças atitudinais que aumentam a qualidade dos serviços prestados e diminuem custos com internações desnecessárias, desperdício de medicamentos e ações judiciais devido a erros médicos.

Para que sejam implantadas com sucesso, é preciso que o gestor hospitalar entenda a importância da segurança do paciente e realize um plano de implantação dos novos procedimentos.

Capacitar as equipes de saúde para que entendam o motivo das mudanças e os seus efeitos na saúde do paciente é essencial para garantir que as medidas sejam de fato implantadas no dia a dia.

Aumentar a qualidade do serviço oferecido, diminuir custos e proteger a integridade dos pacientes é o objetivo de qualquer gestor hospitalar e a segurança do paciente é uma aliada para atingir estes objetivos.

Por que se capacitar em segurança do paciente?

 

A capacitação em segurança do paciente é uma forma de conhecer em detalhes os conceitos e discussões que norteiam a segurança do paciente e entender como aplicar estes conceitos à gestão das mais diversas instituições de saúde.

Como as metas de segurança do paciente trazem, em sua maioria, mudanças comportamentais, é preciso também treinar as equipes para que saibam agir de maneira organizada e respeitando todos os protocolos estabelecidos.

Entender os conceitos em profundidade também é importante para conseguir desenvolver as suas próprias metas e aumentar ainda mais a eficácia da segurança do paciente ao adaptá-la para a realidade do hospital ou clínica em que atua.

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