Governança corporativa: a importância para instituições de saúde

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Publicada 27/11/2019

Realizar uma administração com transparência, seguindo uma conduta correta e tomando decisões bem acertadas só é possível ao adotar a governança corporativa. O termo, ainda recente no Brasil, deve nortear as boas práticas de gestão das empresas, inclusive de instituições de saúde.

Dessa maneira, é possível agir com estratégia e rigor no cumprimento das regras estabelecidas, o que garante uma presença forte no mercado e mais qualidade nos serviços.

Quer entender melhor esse conceito, seus princípios e por que ele deve ser adotado em organizações de saúde? Confira nosso post!
 

O que significa governança corporativa?


Trata-se de um sistema que estabelece o modo como uma instituição será gerida e monitorada, o que engloba as boas práticas de condução do negócio, bem como a relação entre proprietários, gestores, conselhos de administração e órgãos reguladores do setor. É uma maneira de transformar os princípios e valores da organização em diretrizes mais objetivas.

A governança corporativa traz profissionalização à gestão empresarial, estabelecendo uma série de regras que devem ser cumpridas. Sua finalidade é garantir a transparência nos processos e alinhamento entre todas as partes interessadas (stakeholders) da instituição, elevando, assim, o grau de confiança entre eles. Em outras palavras, é como um guia para a tomada de decisões que vai permitir o crescimento da empresa.

No Brasil, o conceito ganhou força com a criação do Instituto Brasileiro de Governança Corporativa (IBGC) e do primeiro Código Brasileiro de Melhores Práticas de Governança Corporativa.
 

Quais são seus princípios?


O sistema de governança corporativa é norteado por alguns princípios. Veja quais são eles a seguir:

Equidade
É a forma de conduzir a organização primando por um tratamento igualitário a todas as partes interessadas, levando em consideração seus direitos, deveres e expectativas em relação ao negócio.

Transparência
É a prática de tornar disponível aos stakeholders todas as informações e dados relativos à empresa, não somente aqueles exigidos em legislação, mas tudo o que envolve as ações gerenciais.

Prestação de contas
É necessário que os gestores prestem contas de sua atuação de maneira clara e detalhada, assumindo a responsabilidade pelas consequências de seus atos, falhas e omissões.

Responsabilidade corporativa
Os agentes de governança têm o papel de trabalhar pela sustentabilidade financeira e longevidade do negócio, sem se esquecer de zelar pela sua reputação, seu capital humano e intelectual e também pela responsabilidade social e ambiental da instituição.
 

Por que é uma prática fundamental para empresas de saúde?


Instituições de saúde enfrentam, em muitos casos, dificuldades na administração, pois é um segmento que envolve departamentos e profissionais de diferentes áreas. Para que funcione com qualidade, o setor administrativo tem despesas altas com materiais, equipamentos e outros serviços terceirizados — sem contar toda a regulamentação do setor, que deve ser seguida à risca.

Nesse contexto, torna-se fundamental adotar um sistema de governança corporativa para que a gestão seja descentralizada e siga uma série de regras que contemplem, além do que é exigido pela legislação, os interesses de todos os envolvidos — sócios, gestores, conselhos de administração, colaboradores e pacientes.

Ao se estruturar um sistema de boas práticas, estabelecendo uma conduta correta com princípios claros, a instituição realiza, ainda, a gestão de risco, já que há um planejamento das ações, racionalização e melhor aplicação de recursos e processos mais eficientes.

Por tudo isso, uma empresa na área da saúde que implementa a governança corporativa melhora sua reputação e credibilidade no mercado, porque demonstra que trabalha de maneira ética, organizada e transparente, garantindo o crescimento e longevidade do negócio.

Recomendação da ANS
​​​​​​No caso específico de empresas operadoras de planos de saúde, a Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS) publicou uma norma estimulando a adoção desse tipo de prática em janeiro de 2019. A Resolução Normativa (RN 443) trata sobre a implementação desse sistema, com destaque para controles internos e gestão de riscos.

A norma da ANS objetiva a sustentabilidade do setor, evitando a descontinuidade de operações de empresas de planos de saúde em função de falhas internas e problemas de gestão.

Quais são os principais passos para implementar o conceito em instituições de saúde?


Implementar a governança corporativa é importante em instituições de saúde, mas por onde começar? Para isso, é necessário montar uma estrutura com Conselho de Administração, Auditoria Independente e Conselho Fiscal. Veja abaixo a função de cada órgão:

Conselho de Administração
É formado por membros que terão um papel estratégico na gestão, pois assumem os processos decisórios, além de analisarem resultados e o desempenho da instituição. É um conselho que, além de defender os princípios e valores da governança corporativa, tem como missão:

  • escolher a auditoria independente;
  • equilibrar as decisões de acordo com os interesses de todas as partes;
  • eleger e destituir quem assume a função executiva principal.


Auditoria Independente
Responsável por fiscalizar e conferir se os dados financeiros estão de acordo com a realidade da organização. Realiza ainda a revisão e a avaliação de controles internos, fornecendo recomendações de melhorias nos processos sempre que necessário.

Conselho Fiscal
Tem como atribuição fiscalizar a atuação dos administradores, analisando o cumprimento dos deveres legais e estatutários. É o órgão que opina sobre as movimentações de recursos da organização, analisando os balancetes e demonstrações financeiras.
 

Quais são as principais dificuldades e desafios nesse processo?


Os benefícios de adotar um sistema de boas práticas na gestão são inquestionáveis, no entanto, é importante conhecer os principais desafios para sua implementação:

  • descentralizar a gestão — a maior dificuldade é o gestor entender que é necessário descentralizar a gestão, que passará a contar com conselhos consultivos na tomada de decisões;
  • não estipular com rigor as hierarquias — as equipes de trabalho devem entender qual é o seu papel na organização e a quem devem se reportar em suas atividades;
  • não definir critérios sucessórios — a transição de lideranças pode trazer muita dor de cabeça se não houver regras estabelecidas para esse processo, principalmente em empresas familiares;
  • não ter conhecimento sobre os processos — as instituições precisam contar com profissionais que tenham conhecimento em governança corporativa para que todos os processos sejam realizados da maneira mais correta e para que essa forma de gestão traga resultados.


​Para sanar essas dificuldades, a recomendação é realizar cursos voltados para essa prática com conteúdo dirigido para as especificidades de empresas do setor da saúde (incluindo cooperativas). São capacitações que vão preparar o gestor para:

  • entender como funciona a governança e compliance;
  • mapear a estrutura administrativa e de governança em todos os níveis hierárquicos da organização;
  • avaliar o que é uma boa e uma má governança;
  • ter noções sobre gestão de riscos empresariais.


A governança corporativa deve ser implantada em organizações de saúde para que se consiga fazer uma gestão mais transparente, eficaz e com a correta utilização dos recursos. Nesse processo, é essencial que o gestor realize uma qualificação voltada para essa área.

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