Na atualidade, uma gestão hospitalar de excelência demanda profissionais capazes de aliar conhecimentos técnicos da área da saúde a uma profunda compreensão de como as práticas clínicas adotadas impactam as finanças dos hospitais. Somente assim é possível garantir a sustentabilidade financeira dessas instituições.
Um dos contextos aos quais essa realidade se aplica é na prevenção de Infecções Relacionadas à Assistência à Saúde (IRAS), onde a adoção de boas práticas resulta em melhores desfechos clínicos e economias significativas.
Nessa área, médicos infectologistas, enfermeiros e outros profissionais envolvidos precisam estar constantemente atualizados sobre tais medidas de prevenção, não somente para melhorar a segurança do paciente, mas também para avaliar os impactos dessas ações e seus reflexos econômicos para os hospitais, sobretudo após mudanças tecnológicas como a utilização de coberturas impregnadas com gluconato de clorexidina para proteção do sítio de inserção do CVC, conforme destaca o documento de Medidas de prevenção de Infecção Relacionada à Assistência à Saúde, da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa).
A partir da coleta de dados precisos, como sugerido pelo NHSN (National Healthcare Safety Network) National Healthcare Safety Network (NHSN), é possível implementar uma vigilância eficaz em qualquer local de internação hospitalar, inclusive Unidades de Terapia Intensiva (UTIs), unidades neonatais e áreas de cuidados críticos.
Esse monitoramento contínuo permite que os gestores analisem o impacto de novas práticas em termos de custo-benefício, considerando a redução de internações prolongadas e o uso intensivo de recursos hospitalares.
Prevenção de IPCS: um exemplo de integração técnica e financeira
A prevenção de Infecções de Corrente Sanguínea Associada a Cateter Central (ICSAC) é um exemplo claro de como a combinação de conhecimento técnico e análise de custos pode levar a melhorias na prática clínica.
Conforme destacado pelo Sponsored Guidelines and Expert Guidance Documents (SHEA) 2022, a implementação de estratégias preventivas requer a integração de práticas baseadas em evidências, como treinamento formal e regular das equipes de saúde, e a incorporação de uma cultura de segurança. O investimento na educação e na avaliação contínua das equipes resulta na redução do risco de infecção e em economias substanciais para a instituição.
Modelos amplamente utilizados, como “os quatro Es" (engajar, educar, executar e avaliar), proporcionam um roteiro eficaz para a implementação dessas medidas. Ao envolver líderes da linha de frente e gestores, o hospital consegue institucionalizar práticas que garantem a sustentabilidade das ações preventivas. Além disso, a utilização de metodologias de alta confiabilidade, como Lean Six Sigma e Team STEPPS, pode contribuir para uma gestão mais eficiente e colaborativa.
Impacto econômico: o efeito financeiro das ações preventivas
Pesquisas indicam que as infecções relacionadas à assistência à saúde (IRAS) são especificamente um desafio significativo, pois podem resultar em impactos econômicos nas Unidades de Terapia Intensiva (UTI).
Um estudo simulado feito por um grupo da Sociedade de Infecções em Saúde e publicado no Journal of Hospital Infection (2021), calculou os custos diretos relacionados ao IRAS mais relevantes em 50 escolas hospitalares do Brasil, conveniadas ao Sistema Único de Saúde (SUS).
De 949 pacientes críticos avaliados - sendo 800 sem IRAS e 149 com -, concluiu-se que os pacientes com IRAS tiveram 16 dias adicionais na UTI. Para além dos impactos na saúde e sócio emocionais do paciente, há o encargo financeiro da internação e da assistência. Segundo o estudo, os pacientes com IRAS demandaram um custo extra de US$ 13.892, em comparação com aqueles sem IRAS.
Adesão e educação continuada: um desafio que pode ser superado
Embora as atualizações tragam vantagens, é fundamental que os hospitais e os profissionais de saúde se empenhem na implementação integral da educação continuada. O investimento inicial em treinamentos e compra de novos materiais e recursos inovadores pode parecer dispensável, mas os benefícios a longo prazo compensam, especialmente no que diz respeito à redução dos custos hospitalares e, principalmente, na salvaguarda do paciente.
É importante lembrar que situações de grande procura por hospitalizações e recursos de saúde, como a pandemia de Covid-19, sempre evidenciam a necessidade de desenvolver e adotar novas soluções para evitar a perda de tempo, recursos e vidas.
Com a adoção crescente dessas práticas inovadoras por mais instituições, espera-se uma diminuição global nas infecções primárias do sangue, fortalecendo uma tendência para um atendimento mais eficaz e economicamente acessível. Sobre essa temática, a Faculdade Unimed e a Solventum estão preparando um evento especial para médicos infectologistas, enfermeiros e gestores hospitalares.
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