Atualizações sobres as recomendações de prevenção de infecção primária de corrente sanguínea

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Publicada 08/10/2024

Segurança do paciente, gestão de riscos hospitalares e controle de infecções: por que é urgente falar sobre isso

A segurança do paciente sempre foi prioridade para a realização das práticas assistenciais e hospitalares, mas nos últimos anos vem se intensificando a procura por novas medidas e soluções que minimizem, e em alguns casos até extingam, os riscos de infecção primária na corrente sanguínea. Esse assunto vem ganhando ainda mais destaque quando se compreende a influência direta das infecções da corrente sanguínea (ICS) no desfecho clínico do paciente em tratamento hospitalar, principalmente os pacientes assistidos na Unidade de Terapia Intensiva.  

Segundo dados de 2017 da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), as ICS são complicações frequentes e graves nas unidades de terapia intensiva e estão diretamente ligadas a elevadas taxas de morbidade e mortalidade, aumento do tempo de permanência, e custos. Ainda de acordo com o levantamento, 65 a 70% dos casos podem ser prevenidos com adoção de medidas adequadas, como adesão aos bundles de boas práticas de inserção e a otimização das práticas de manutenção dos dispositivos.

Já as complicações relacionadas ao uso de cateter venoso central (CVC) são uma das mais comuns e alarmantes em contextos hospitalares. Essas infecções, além de elevarem a morbidade e a mortalidade, acarretam custos consideráveis para o sistema de saúde, aumentando o tempo de hospitalização e as despesas com tratamentos adicionais. 

Portanto, debater sobre novas orientações é importante, não apenas para buscar formas de diminuição de infecções, como também na otimização de recursos e melhoria econômica para hospitais.

As consequências das infecções e o custo econômico

Pesquisas indicam que as infecções primárias do sangue são uma das principais causas de complicações em unidades de terapia intensiva (UTI). Pacientes que contraem essa infecção podem enfrentar um crescimento considerável no período de hospitalização, necessitando de antibióticos de amplo espectro e, em situações mais sérias, de internação prolongada em UTI. 

Além dos custos intangíveis, ou seja, aqueles que não podemos medir financeiramente, como o estado emocional do paciente, isolamento, imagem negativa do hospital e da equipe, temos os custos diretos e indiretos das infecções relacionadas à assistência à saúde. Os custos diretos se referem aos custos de internação e da assistência, como leito hospitalar, medicamentos, exames, entre outros; e os indiretos são os custos das eventualidades que podem ocorrer e aumentar as despesas, como perda da mobilidade, necessidade de acompanhamento domiciliar, perda no potencial de recuperação do paciente e etc. 

Os gastos para tratar uma infecção podem oscilar entre R$50 mil e R$150 mil por indivíduo. Aumento do tempo de internação = aumento nos custos:

Uma pesquisa realizada pela Fiocruz (2007), em três hospitais-escola do Rio de Janeiro, com 1.031 pacientes que contraíram infecções hospitalares, mostrou que o tempo de internação aumentou em 226 dias, elevando os custos para o sistema de saúde.


Fonte: NANGINO, G. DE O. et al. Impacto financeiro das infecções nosocomiais em unidades de terapia intensiva em hospital filantrópico de Minas Gerais. Revista Brasileira de Terapia Intensiva, v. 24, n. 4, p. 357–361, dez. 2012. Gráfico extraído do blog Neoprospecta.

Melhorias no protocolo de prevenção: o que pode ser feito?

Nesse contexto, é importante destacar que vêm sendo trabalhadas novas diretrizes para aprimorar o controle dessas infecções. As alterações sugeridas por entidades internacionais de saúde, como o Centros para Controle e Prevenção de Doenças (CDC), têm como objetivo aprimorar as práticas de limpeza e uniformizar a aplicação de tecnologias de prevenção, tais como:

  • Lavagem cuidadosa das mãos: a instalação de barreiras antimicrobianas no ponto de inserção do cateter.
  • Aprimoramento da técnica asséptica: novas técnicas para a instalação e manutenção do cateter, que incluem a utilização de luvas esterilizadas e kits de inserção com tecnologia de ponta.
  • Utilização de desinfetantes que contêm clorexidina: sugestão de soluções mais eficientes para higienizar o local de inserção  do cateter.
  • Avaliação do local de inserção do cateter: escolher uma veia na qual o cateter possa ser inserido com segurança e na qual o risco de infecção seja baixo. 
  • Educação contínua: formação regular das equipes de saúde para assegurar a adoção das melhores práticas.
  • Acompanhamento constante: implementação de programas de supervisão ativa, onde a utilização de listas de verificação assegura o cumprimento das regras.
  • Adesão a novas tecnologias e recursos com comprovação de eficácia e viabilidade financeira: busca constante no mercado de materiais com tecnologias modernas e mais seguras para a prevenção de infecções. Por mais que, em princípio, essas inovações com efetividade comprovada tenham um custo mais elevado em comparação com os materiais utilizados antigamente, o custo x benefício final pode ser significativo ao evitar a ocorrência de infecções e minimizar os riscos de complicações relacionadas.

Impactos financeiros da prevenção das ICS para instituições de saúde

A inserção de um cateter venoso central é necessária em aproximadamente 50% dos pacientes internados em unidades de terapia intensiva. No entanto, esse dispositivo pode provocar infecção, seja pela contaminação do local de inserção ou pela migração da flora do paciente para o lúmen do cateter. A introdução do CVC compromete a integridade da pele, abrindo caminho para infecções por bactérias e fungos. Acredita-se que aproximadamente 60% das bactérias em hospitais estejam ligadas a algum dispositivo intravascular. Os microrganismos podem infectar o acesso vascular de várias formas: durante a inserção, por meio da colonização da pele; contaminação das conexões; uso de soluções contaminadas para manter o cateter permeável; ou, no contexto de monitoramento hemodinâmico, pelo uso de transdutores contaminados.

A microbiota cutânea do paciente, que se desloca por capilaridade através da superfície externa do cateter, é a principal fonte de contaminação nesses cateteres de curta duração. Nos cateteres de longa permanência (que duram mais de três semanas), a contaminação geralmente ocorre a partir do canhão ou hub e se propaga pela superfície endoluminal do cateter. A contaminação predominante ocorre através das mãos da equipe de saúde.

Os efeitos negativos da infecção de corrente sanguínea associada a cateter central incluem: alta taxa de mortalidade, estimada em aproximadamente 25%; prolongamento da permanência hospitalar, em média de 7 dias; e elevação dos gastos hospitalares.

A aplicação das novas diretrizes, conforme você pode ver acima, pode interferir diretamente na ocorrência das infecções, levando a uma redução nos gastos operacionais dos hospitais. Estima-se que a adesão aos protocolos pode reduzir em até 60% as infecções associadas ao CVC. 

Ao diminuir os riscos, diminui-se também a demanda por internações prolongadas, consequentemente, os gastos com antibióticos e o tratamento de problemas. Dessa forma os hospitais poupam recursos que podem ser realocados para outra área, o que permite uma melhor gestão de despesas e otimização dos recursos. Além disso, a implementação de barreiras antimicrobianas, aliada a uma supervisão mais rigorosa, leva a uma utilização reduzida de materiais hospitalares, diminuindo o desperdício clínico e, com isso, o impacto financeiro.

A relevância de aderir aos protocolos atualizados e inovações do mercado

Apesar dos benefícios das atualizações, é crucial que os hospitais se comprometam com sua implementação completa. O aporte inicial em capacitações e aquisição de novos materiais pode parecer alto, contudo, os ganhos a longo prazo compensam, principalmente no que se refere à diminuição dos gastos hospitalares e, sobretudo, na proteção do paciente.

À medida que mais instituições adotam essas práticas inovadoras, espera-se uma redução global nas infecções primárias sanguíneas, consolidando uma tendência para um atendimento mais eficiente e economicamente viável.

Vale lembrar que em cenários de alta demanda por hospitalizações e por recursos de saúde, como o quadro que vivemos relacionado à Covid-19, sempre trazem à tona a urgência dese desenvolver e aderir às novas soluções para que não se perca tempo, recursos e, por último, mas não menos importante, vidas. 

A pandemia da doença coronavírus (2019) foi disruptiva para os programas de prevenção de infecções, uma vez que provocou escassez de suprimentos básicos, incluindo máscaras e álcool em gel. Durante o início da pandemia, a Administração de Alimentos e Medicamentos dos EUA (FDA) possibilitou o uso sem precedentes de desinfetantes para as mãos à base de álcool (ABHS) produzidos localmente, por meio da concessão de orientações temporárias que permitiram que empresas anteriormente não registradas fabricassem o produto. 

Esse exemplo mostra a importância de conhecer, debater e estudar a viabilidade de recursos e inovações que auxiliam na prevenção primária da corrente sanguínea enquanto se tem tempo hábil para avaliar os benefícios a curto, médio e longo prazo. 

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