6 dicas para fazer uma anamnese excelente

Publicada 01/09/2018

 

O encontro entre médico e paciente é um momento permeado por tensões e dúvidas. A pessoa busca atendimento para investigar algum problema e você precisa reunir informações suficientes para ajudá-la. É por isso que a anamnese deve ser muito bem realizada.

Saber fazer as perguntas necessárias e cruzar os dados corretamente são habilidades que todo médico precisa desenvolver. Registrar os pontos importantes da conversa também é essencial para manter o histórico do paciente e passar segurança para ele.

Você quer aprender mais sobre esse assunto? Veja as dicas fundamentais que trouxemos para quem deseja se atualizar e fazer uma anamnese excelente!

 

1. Siga o protocolo CAIA

Essa sigla representa quatro palavras que orientam a sua entrevista médica: cumprimento, apresentação, informação e autorização. O primeiro contato, claro, deve ser feito de maneira cordial. Receber bem a pessoa e se apresentar para ela são atitudes básicas para criar um vínculo positivo entre vocês.

O clima inicial pode marcar toda a relação entre o profissional e a pessoa que o procurou. Por isso, é importante ser simpático e explicar quem é você e como você pode auxiliar o paciente. Aproveite também para esclarecer informações que ele precisa saber — por exemplo, o roteiro da anamnese ou as condutas do hospital onde estão.

Por fim, lembre-se de que o paciente falará de coisas íntimas nesse momento. A sua postura o ajuda a ficar tranquilo. Assim, não deixe de explicar a ele a importância da entrevista e pedir autorização para iniciar os questionamentos.

 

2. Procure deixar o paciente à vontade

É comum que a pessoa esteja nervosa e fechada quando chega até você. Desse jeito, ela pode ter dificuldade para responder algumas questões. Para evitar isso, capriche na cordialidade e comece a conversa com perguntas mais simples e diretas. Também, procure sempre chamar o paciente pelo nome, para que ele se sinta bem atendido.

O médico geralmente precisa anotar as informações que são passadas na anamnese. Entretanto, não é nada agradável ter a sensação de estar falando sozinho. É isso que o paciente sente quando você digita constantemente enquanto ele explica seus sintomas. Por isso, procure fazer paradas para olhar a pessoa nos olhos e marcar o diálogo.

Outra atitude que você deve evitar é a de interromper a fala da pessoa. Mesmo que ela esteja fugindo do assunto inicial, provavelmente está dizendo algo que é importante para sua vivência. Portanto, procure escutar com empatia e fazer novas perguntas somente quando ela concluir.

 

3. Pegue o máximo de informações possíveis

É fundamental garantir um tempo de qualidade para a anamnese. O objetivo é conhecer o paciente e recolher todos os dados necessários para o diagnóstico e tratamento. Dessa forma, não pode haver pressa. Peça que a pessoa detalhe a queixa inicial e especifique os sintomas que apareceram.

Além disso, esse também é o momento para saber sobre a vida do paciente de forma geral. Principalmente seu histórico familiar e social (onde mora, como é sua rotina, quais são as doenças que já acometeram seus familiares etc).

Conhecer o histórico de saúde dele é outro aspecto importante na anamnese — por exemplo, vacinas, alergias, problemas anteriores e medicações que já utilizou. Questionamentos muito úteis de serem feitos são os que dizem respeito aos hábitos de vida. Sobre isso, pergunte acerca de vícios, rotina alimentar, prática de exercícios e qualidade de sono.

 

4. Analise os parâmetros clínicos

Tudo o que o paciente diz é uma fonte indispensável de informações, mas a anamnese deve envolver também o exame físicoMuitas pessoas têm reclamado de médicos que parecem não dar atenção, pois não olham para elas ou não realizam exames físicos durante a consulta.

Ainda que o diálogo tenha sido bastante esclarecedor, há coisas que somente o exame pode confirmar. Afinal, não é incomum que os pacientes se esqueçam de dar alguma informação ou não saibam explicar direito determinado sintoma.

Dessa forma, o médico deve aproveitar o encontro para checar parâmetros clínicos, como a pressão arterial, a temperatura corporal e o nível de consciência. Tocar os locais onde o paciente sente dor também dá novos detalhes sobre os sintomas e evidencia possíveis relações causais que embasem o diagnóstico.

Olhe com cuidado para a pessoa, fazendo uma inspeção visual e procurando sinais que ela pode não ter se dado conta ou, por algum motivo, ter preferido omitir de você. Alguns equipamentos podem ajudar a investigar mais profundamente. Sempre que for preciso, é aconselhável também pedir exames laboratoriais.

 

5. Avalie a linguagem não verbal

Além de trabalhar com o que é dito pelo paciente, o médico investiga também o que não é falado. Na entrevista de anamnese, é importante reconhecer a validade da linguagem corporal. A pessoa pode dizer muito com a sua postura, expressão facial e outras reações físicas.

Ao observar o corpo do paciente, você pode perceber sinais de ansiedade, nervosismo, negação, dúvida, omissão, entre outros. Muitas informações podem estar sendo relatadas pela linguagem corporal. Se um paciente idoso chora enquanto relata sintomas corporais relativamente simples, por exemplo, pode ser indicativo de que ele está sendo incomodado por algo mais.

 

6. Dê o retorno ao paciente

Por fim, chega a hora de você concluir as perguntas e oferecer respostas para o paciente. A anamnese pode acabar em um diagnóstico ou em pedidos para novos exames e consultas. O importante é não deixar a pessoa sem informações relevantes sobre seu caso.

No momento do retorno, é interessante que você faça um resumo dos dados colhidos, acalme a ansiedade do paciente e explique suas hipóteses diagnósticas. Devem ser esclarecidos também os passos para o tratamento. Não deixe de explicar com detalhes tudo o que a pessoa precisa saber para melhorar sua condição de saúde.

É preciso um cuidado ainda maior quando as notícias não são tão positivas. Dar um diagnóstico difícil sem a devida sensibilidade pode abalar o paciente e dificultar sua adesão ao tratamento. Nessa interação, o vínculo de respeito construído com o profissional é fundamental.

Como você viu, a anamnese é uma estratégia muito rica e necessária no atendimento aos pacientes. Ela deve ser realizada de forma humana, aproximando o médico e a pessoa atendida. Ter uma postura empática e cuidadosa torna o clima mais agradável e facilita a condução da entrevista.

 

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