Entrevista: Cloer Vescia, coordenador da pós-graduação em Atenção Integral à Saúde

Publicada 14/09/2018

Docente conversou com a FU sobre a palestra ministrada no SUERJ 2018: “A informação como diferencial na gestão da saúde”

 

O professor e coordenador do curso de pós-graduação em Atenção Integral à Saúde (AIS), da Faculdade Unimed, Cloer Vescia, palestrou, recentemente, no SUERJ 2018, quando falou sobre “A informação como diferencial na gestão da saúde”.

A Instituição de Ensino Superior do Sistema Unimed conversou com o docente sobre a palestra e sobre seu papel – enquanto propagadora de conhecimento – na potencialização do uso da informação como diferencial na gestão em saúde. 

 

Cloer Vescia, coordenador do curso de pós-graduação em Atenção Integral à Saúde, da Faculdade Unimed

De que forma a informação pode ser um diferencial na gestão em saúde?
Cloer Vescia: A informação clínica, principalmente a que diz respeito ao estado de saúde dos beneficiários, é um verdadeiro baú do tesouro para a gestão em saúde. Mas em geral, essas informações ficam restritas, escritas em prontuários, dispersas em consultórios, clínicas, pronto-atendimentos, hospitais. Ficam dispersas em cada um dos pontos de atenção pelos quais o paciente percorre e tem contato. A gestão precisa acontecer baseada em informações atualizadas e estruturadas. É preciso haver padrão para que a informação circule em todos os níveis da atenção, da primária à terciária, de modo que esteja acessível para as tomadas de decisões de ordem clínica, financeira, operacional etc. A informação tem que ser armazenada em registro eletrônico de saúde, em um formato padrão, por meio do qual todos os sistemas consigam  acessá-la de forma lógica. Os pontos de atenção do sistema de saúde devem estar conectados. No entanto, os sistemas de saúde não enxergam a informação dessa forma e não estão interligados. Na maior parte das vezes, as informações estão no papel e só servem para um dado momento. 

 

Quais são os malefícios/consequências para o paciente quando ele não é visto como um todo?
Cloer Vescia: A informação registrada de maneira não estruturada, não poderá ser compartilhada e não gerará decisões em relação ao paciente. Ou seja, o paciente, a cada novo contato no sistema de saúde, deixará de ter apoio e substrato do seu histórico clínico, o que impedirá que o profissional tome a melhor decisão. É como se a cada novo contato houvesse um novo paciente. Quando, na verdade, o paciente é o mesmo, mas em novos episódios.
     A informação deve estar numa plataforma eletrônica acessível a todos. Se a informação estruturada não está disponível, a gestão deixa de ser em tempo real e passa a ser retrospectiva. Hoje, os sistemas de saúde suplementar meramente pagam contas das doenças, que são o motivo da contratação do plano de saúde pelo cliente. Os sistemas de saúde serão mais assertivos à medida que conseguirem registrar eletronicamente as informações, desde o pré-natal até o final da vida, o que permitirá uma análise ideal do risco acumulado e de adoecimento, e também a implantação de ações efetivas de prevenção e de AIS. 
     O acesso a aplicativos mobile, as transações eletrônicas e digitais são cada vez mais comuns no dia a dia das pessoas. Porém, quando se trata da saúde, temos um sistema atrasado no quesito armazenamento, qualificação e compartilhamento de dados. E, mais: quando as instituições possuem prontuário eletrônico, a informação ali armazenada não é compartilhada. Precisamos romper isso. Para romper é preciso haver mudança de cultura, compreensão da importância de investimentos e capacitação de profissionais. 

 

Como as instituições de ensino superior podem auxiliar na potencialização do uso da informação como diferencial na gestão da saúde?
Cloer Vescia: O Sistema Unimed está numa vanguarda por possuir a Faculdade Unimed e por ter o Registro Eletrônico de Saúde (RES). A informação como diferencial na gestão em saúde é um dos conteúdos fundamentais do curso de pós-graduação da Faculdade Unimed em Atenção Integral à Saúde. Na especialização, há um módulo específico que fala de registro eletrônico de saúde, registro clínico avançado, como fazer o registro, como estruturar e inserir as informações em plataforma específica. As instituições de ensino superior, em geral, não oferecem cursos em AIS. 

 

Como está a Atenção Integral à Saúde no sistema Unimed?
Cloer Vescia: Está ainda em primeiro estágio de desenvolvimento. Temos, hoje, cerca de 60 Unimeds com iniciativas de AIS em diferentes graus. A estratégia da AIS é focada na atenção primária na porta de entrada do Sistema e é vista como elemento central e de comunicação de toda a rede. 

 

Qual é o perfil do aluno que cursa a pós em Atenção Integral à Saúde, da Faculdade Unimed, nas turmas em todo o Brasil?
Cloer Vescia: Os alunos têm perfil majoritariamente assistencial quando a cooperativa decide avançar nessa área e forma turmas in company. Importante destacar que na área pública as diretrizes são umas e na saúde suplementar são outras, há diferenças. Por isso a capacitação é primordial. 




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